O cauim do povo Yudjá

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Por Sasha Zeidenberg

O cauim do povo Yudjá

As pessoas do povo Yudjá, no Rio Xingu, acham muito importante o cauim, uma bebida alcoólica feita da raiz da planta Manihot esculenta. O cauim é uma parte importante da sua vida cotidiana, mas também aparece nas suas maneiras de ver o mundo e seus mitos. O nome comum da planta é mandioca, mas também se chama macaxeira, aipim, castelinha, ou uaipi. M. esculenta é um arbusto nativo à América do Sul, com raízes comestíveis. As raízes têm um conteúdo muito grande de amido, e por isso é utilizada em todas as partes do mundo como um alimento básico para milhões de pessoas.

Os Yudjá acreditam que o cauim é humano. Dizem, “É gente, pois nos mata, ficamos bêbados e caímos no sono. O cauim nos faz morrer”. Acham que o cauim é a criança da pessoa que o faz. Então, beber o cauim é um tipo de antropofagia, mas eles ainda o bebem. O cauim é tão importante para sua cultura que é parte de sua definição de quem é e quem não é parte de seu povo. Para eles, existem três grupos de pessoas: eles, os Karaí, que são os brancos, e os Abi, que são os outros povos indígenas que não fazem cauim.

O cauim é incluído no seus mitos e cosmologia também. Os Yudjá não têm mais xamãs, mas quando os tinham, tinham festivais para honrar os mortos. Nesses festivais, ofereciam cauim aos espíritos do rio e do céu. Os do céu não bebiam o caium, mas os do rio bebiam muito. Eles não têm mais os festivais dos xamãs, mas ainda têm festivais grandes onde bebam muito cauim. Sua mitologia também fala dos ãwã, que são espíritos morando abaixo dos rios e lagos. Os ãwã fazem o cauim, e eles também lhes dão adornos para seus corpos.

 

(Foto acima: Mulheres Yudjá preparam cauim. Foto: Adélia de Oliveira, 1966. Do site do Instituto Socioambiental)